Os trabalhadores dos Correios, no Centro-Oeste de Minas, decidiram encerrar a greve e retomar as atividades nesta quarta-feira (23). O Tribunal Superior do Trabalho (TST) aprovou um reajuste de 2,6% para os funcionários da estatal e determinou o fim da paralisação nacional. A categoria estava em greve desde o dia 17 de agosto. 4ni58

A decisão foi tomada durante assembleia, na noite desta terça-feira (22), pelo Sindicato dos Trabalhadores de Correios de Minas Gerais (Sintect/MG). O sindicato anunciou a decisão por meio de nota, publicada no próprio site (veja íntegra abaixo).

G1 entrou em contato com o Sindicato para saber quantos profissionais voltaram ao trabalho no Centro-Oeste nesta quarta, com a assessoria de comunicação dos Correios, mas até a última atualização desta matéria não teve retorno.

O movimento foi uma reivindicação da categoria contra a retirada de direitos históricos dos celetistas, que segundo o sindicato, iria reduzir em até 60% o poder de compra dos trabalhadores.

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Cláusulas do acordo coletivo 6i1d4v

 

De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresa dos Correios e Similares (Fentect), a paralisação foi deflagrada depois que os trabalhadores foram surpreendidos com a revogação do atual Acordo Coletivo que estaria em vigência até 2021.

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Greve dos Correios termina após acordo — Foto: Divulgação.

 

Em agosto, a turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a decisão do então presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, e suspendeu 70 das 79 cláusulas do acordo coletivo de trabalho dos trabalhadores dos Correios.

O pedido da suspensão foi feito pelos Correios. A empresa argumentou que não teria como manter as altas despesas, e que precisaria "discutir benefícios que foram concedidos em outros momentos e que não condizem com a realidade atual de mercado".

O acordo coletivo havia sido estendido até o fim de 2021, por decisão do TST, em outubro do ano ado.

No julgamento do dissídio, o TST decidiu manter as nove cláusulas oferecidas pelos Correios durante a negociação salarial – que incluem a oferta de plano de saúde e auxílio-alimentação – e outras 20 cláusulas sociais, que não representam custos extras aos Correios. As outras 50 do antigo acordo coletivo de trabalho foram canceladas.

Segundo a categoria de trabalhadores, as cláusulas revogadas garantiam direitos como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, pagamento de adicional noturno e horas extras.

 

Entenda o caso 682zh

 

Os trabalhadores dos Correios em Divinópolis, Nova Serrana, Pompéu, Arcos, Bom Despacho, Oliveira e Abaeté anunciaram a adesão e apoio à greve nacional deflagrada pela categoria, no dia 18 de agosto.

Na ocasião, o Sindicato dos Trabalhadores de Correios de Minas Gerais (Sintect/MG) disse que a adesão dos trabalhadores dos Correios em Minas Gerais havia sido deliberada em assembleia realizada pelo Sindicato.

Segundo ainda o sindicato, a greve é em defesa dos empregos, salários, direitos, e contra a privatização. Os trabalhadores reivindicavam ainda a preservação do último dissídio da categoria, julgado em outubro de 2019 pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), com vigência de dois anos, reeditando as cláusulas do Acordo Coletivo 2018/2019.

Veja nota na íntegra

“Na tarde desta terça-feira, dia 22 de setembro, os trabalhadores da base territorial do SINTECT-MG se reuniram em assembleia, realizada em frente ao edifício do Correio central, em Belo Horizonte, e deliberaram, por unanimidade, pelo retorno ao trabalho a partir das 22 horas do mesmo dia, reafirmando o compromisso de manter a luta diária contra a privatização da Empresa e contra os ataques do governo Bolsonaro.

Na assembleia, os ecetistas denunciaram a política de ataques do governo federal e da direção da Empresa contra os trabalhadores e repudiaram a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que numa única canetada retirou dezenas de direitos históricos da categoria, todos aqueles que diziam respeito às cláusulas econômicas como o anuênio, auxílio especial para filhos com deficiência, 70% nas férias, adicional de 30% sob o salário base etc., além da redução da licença maternidade, valor das horas extras etc.

Os trabalhadores compreenderam que a decisão da Justiça está totalmente subordinada aos interesses do governo, que quer enxugar a Empresa ao máximo para facilitar a privatização e, por isto, ataca os trabalhadores sem piedade. Também foi denunciada a política covarde e traidora da burocracia sindical que dirige os sindicatos ligados à FINDECT, em especial as direções dos Sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro.

Contudo, esta derrota momentânea está longe de significar o fim da luta e é por isto que os ecetistas mineiros saem dessa greve com a cabeça erguida, orgulhosos do movimento histórico e de resistência que realizaram, com a consciência de que Minas Gerais protagonizou a greve mais forte do País, realizando atos grandiosos na capital e pelo interior e mostrando ao governo Bolsonaro a capacidade de luta dos trabalhadores brasileiros.

O momento agora é de unir forças, ampliar a mobilização e a luta contra o ataque mais vigoroso que está sendo orquestrado pelo governo, que é a entrega da ECT, do patrimônio do povo brasileiro, aos grandes monopólios internacionais.”