O médico Delano Santiago Pacheco que atua no Posto de Saúde do Bom Pastor, em Divinópolis, na região Centro-Oeste do Estado, se revoltou e gravou um vídeo na manhã desta segunda-feira (26), após ser impedido pela gerência da unidade de saúde de conceder 15 dias de atestado a um paciente com quadro de suspeita de Covid-19. Segundo o profissional, o protocolo da prefeitura da cidade limita o atestado a dez dias, mas a realização do exame para a Covid-19, no método PCR, só poderia ser agendada para o dia 10 de maio, 14 dias após a consulta do paciente. 3k2j4o

Bastante exaltado, o médico afirma na gravação que a realização do exame após o vencimento do atestado de dez dias geraria um risco para quem tivesse contato com o paciente, principalmente se ele voltasse a trabalhar, já que ainda haveria uma dúvida se ele estaria contaminado ou não pelo coronavírus.

“Eu quero ver quem me obriga a cumprir protocolo. Sabe o que essa prefeitura está mandando eu fazer? O secretário de saúde e o prefeito que vocês tanto gostam? Hoje é dia 26 e ele só vai fazer o exame dia 10. O cara vai transmitir o vírus dia 26, 27, 28, 29, 30  e até dia 10 ele já contaminou a cidade inteira. Prefeito, me obriga a dar atestado de dez dias. Secretário de saúde me obriga. Ele precisa de fazer o exame agora e estão esperando 15 dias pra fazer”, grita o médico.

Em conversa com a reportagem de O TEMPO, Delano afirmou que a período de transmissão da Covid-19 é de 14 dias e 12 horas e que, dessa forma, o protocolo implantado pela prefeitura para que o atestado concedido seja de no máximo dez dias estaria equivocado.

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“Eu horrorizei com isso porque podia ser meu pai, minha mãe, meu irmão. Por isso que Divinópolis está infestada de casos. Quando o sujeito volta com o resultado positivo, ele já voltou a trabalhar e contaminou a empresa dele inteira. Aí o empresário vai perder mais um monte de gente, por mais 15 dias. Se eu vou testar o sujeito só daqui 15 dias e o atestado dele vale dez, ele vai contaminar, não tem por que essa definição”, aponta.

O médico também destacou que a unidade de saúde não conta com testes rápidos para Covid-19.

 

Protocolo

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA) de Divinópolis informou que tem um protocolo de “Orientações às UBS/ESF em relação ao enfrentamento do COVID-19 Divinópolis/MG”, com última versão atualizada em 18 de março de 2021, pelo infectologista e também professor e pesquisador da Universidade Federal de São João del-Rei, Gustavo Rocha. Confira: 

"As recomendações municipais gerais de abordagem e manejo clínico de infecções pelo novo Coronavírus seguem as diretrizes do Protocolo de Manejo Clínico do novo Coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde, (Versão 9), do Guia de Vigilância Epidemiológica em COVID-19 e normativas técnicas da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES/MG).

Cabe ressaltar que, conforme protocolo municipal, em casos de diagnóstico de Síndrome Gripal (SG), todas as pessoas deverão realizar o isolamento domiciliar por 10 dias, à partir da data de início dos sintomas e para seus contatos domiciliares e próximos, o isolamento é de 14 dias após a última exposição potencial, havendo monitoramento pela equipe de saúde quanto a possível evolução para quadro sintomático. 

Em relação à confirmação diagnóstica de casos da COVID-19, há critérios para tal fim que não se restringem exclusivamente à confirmação por testagem, sendo possível a confirmação por critério laboratorial (biologia molecular através do RT-PCR e imunologia através da testagem rápida), critério clínico-epidemiológico, critério clínico-imagem e critério clínico.

O exame de testagem rápida é coletado em usuários sintomáticos a partir do 14º dia do início dos sintomas devido ao período de janela imunológica e, independente do resultado (positivo ou negativo), o usuário permanece em isolamento e monitoramento por um período de 10 dias.

O exame RT-PCR tem indicação de coleta entre o 3º e 7º dia a partir do início dos sintomas e segue as diretrizes da SES/MG quanto aos critérios para coleta: usuários hospitalizados, pessoas com condições clínicas de risco para complicações da COVID-19, profissionais de saúde, segurança pública, idosos e trabalhadores de serviços essenciais.

A SEMUSA não tem medido esforços no sentido de garantir assistência de qualidade a todos os usuários suspeitos e confirmados para a COVID-19 bem como seus contatos, com vistas a evitar a disseminação do vírus e adoecimento da população.

Infelizmente, algumas pessoas estão utilizando o momento para politizar a situação. No entanto, o que deve ser feto é seguir as bases científicas e orientações dos órgãos superiores de saúde pública e isso a Prefeitura de Divinópolis tem cumprido rigorosamente."