O golpe de clonagem do WhatsApp, que já deixou um rastro de vítimas por Espírito Santo, Maranhão, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, chegou a Minas. A Polícia Civil confirma a investigação de casos ocorridos no Estado, mas os trabalhos seguem sob sigilo. Em Belo Horizonte, um empresário do ramo da construção relata prejuízo de mais de R$ 7.500. Neste tipo de golpe, fraudadores clonam o WhatsApp da vítima para pedir a amigos e familiares a transferência de altas quantias de dinheiro, com a promessa de retornar o pagamento no dia seguinte. 4a1244

Segundo a Polícia Civil, nesses casos não há clonagem do número de telefone, mas os estelionatários desabilitam o chip da vítima, para depois habilitarem o número em outros chips. Caso a vítima não tenha realizado a verificação em duas etapas do WhatsApp (uma atualização de segurança), os golpistas conseguem clonar a conta nesse aplicativo. Durante as investigação de casos com esse tipo de ação no Espírito Santo, levantou-se a suspeita de que funcionários de operadoras estejam envolvidos no esquema.

O empresário Claudio Silveira Junior relata que, na última quinta-feira (17), viu que o celular perdeu o sinal por volta das 17h40. Ele tentou o pelo wi-fi, tirou o chip do aparelho algumas vezes, mas nada resolveu o problema. Poucos minutos depois, um funcionário o procurou para dizer que tinha conta no Banco do Brasil e poderia ajudá-lo.

“Mas por que está me dizendo isso?”, questionou Claudio, surpreso. Foi quando o funcionário mostrou uma mensagem em um grupo no WhatsApp em que Cláudio perguntava aos amigos quem tinha o ao Internet Banking do Banco do Brasil e poderia ajudá-lo a fazer uma transferência.

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“Na mesma hora falei com o gerente comercial da empresa para localizar todos os meus contatos e avisar que estava acontecendo um golpe. Peguei outro telefone e saí ligando para todo mundo que eu lembrava que estava nos meus grupos. Quando liguei para o meu pai, ele já atendeu dizendo: 'Já estou enviando a quantia para você', relata Claudio.

Em seguida, o empresário correu até uma loja da operadora Vivo para cancelar o número. Como estava em Matozinhos, na Região Metropolitana, no momento do problema, levou cerca de uma hora para chegar na loja em Belo Horizonte e resolver a questão. O número foi cancelado, mas a quadrilha continuou a utilizar a conta do WhatsApp por meio de uma rede wi-fi.

Prejuízo

Mesmo com a reação imediata, a quadrilha conseguiu dinheiro de três contatos de Claudio, sob o argumento de ele havia ultraado o limite de transferências do dia e precisava fazer um pagamento naquela data. A restituição seria feita no dia seguinte. Pelo menos R$ 7.500 foram transferidos por amigos da vítima para diferentes contas da quadrilha. Claudio fez questão de arcar com o prejuízo e ressarcir os amigos que foram ludibriados ao tentar ajudá-lo. “Essas pessoas que acreditaram estar me ajudando estão ando por dificuldades financeiras. Teve gente que até entrou no cheque especial para me ajudar. Não me sentiria bem ao ver pessoas que tentaram me ajudar ficarem no prejuízo”, afirma.

Como o WhatsApp foi clonado e a senha alterada por um fraudador, ele está sem o ao aplicativo há uma semana. “Não sei ainda mensurar o tamanho do prejuízo. É possível que, quando eu retomar a minha conta, descubra mensagens de pessoas me cobrando depois de terem feito o depósito”.