Sete em cada dez pessoas que tentam obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não am no teste de direção no Estado. 68o36
Dados do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) mostram que, nos últimos três anos, o índice geral de aprovação para a categoria B (carros) no Estado não ou dos 29%.
Com o fim da obrigatoriedade de simulador para CNH e com a redução da carga horária obrigatória no curso de direção a partir do mês que vem, a formação de novos condutores ficará ainda mais comprometida na opinião de especialistas.
O temor é que, com regras mais brandas, o risco de acidentes aumente, assim como a dificuldade dos futuros motoristas em conseguirem êxito na avaliação do Detran.
Segundo o órgão de trânsito, somente no ano ado, quase 30% dos motoristas conseguiram a habilitação B apenas a partir da terceira tentativa. Em 2019, de janeiro a junho, dos 83.610 novos motoristas que saíram às ruas, quase 20 mil só obtiveram a carteira a partir da terceira tentativa.
A partir do próximo dia 16, candidatos a uma carteira de habilitação deverão cursar 20 aulas práticas, na rua, em vez das 25 atuais. Dessas, apenas uma deverá ser feita à noite – antes, eram cinco.
“É uma medida populista. O aumento na reprovação é inevitável. A média de um aluno ar é 37 horas para a habilitação tipo B. Fala-se que com a obrigatoriedade de menos aulas vai ficar mais barato o processo, mas não vai diminuir muito. O motorista fica menos preparado e acaba criando situações de risco. Em um primeiro momento, parece uma boa medida, mas, no futuro, vamos gastar mais, porque o custo dos acidentes de trânsito sai do bolso dos cidadãos”, avalia a especialista em segurança em trânsito, Roberta Torres.
Grande parte das mortes no trânsito está relacionada ao baixo nível de exigência nos exames, segundo o consultor em transporte Osias Baptista Neto:
“O problema está no exame, não na formação. A avaliação é fraca e não condiz com a realidade da rua. Uma pessoa a na terceira tentativa e, no outro dia, está andando no Anel Rodoviário. Infelizmente, o motorista aprende na prática”.
Escolas perdem 70% dos alunos
Conforme levantamento do Sindicato dos Proprietários de Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais (SiproCFC-MG), desde que as novas regras para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) foram anunciadas, há dois meses, as autoescolas de todo o Estado tiveram uma queda, em média, de 70% na procura.
Isso porque muitos candidatos à habilitação optaram por aguardar o início da vigência das novas normais para iniciarem o processo. Mas, de acordo com o Contran, as regras vão contemplar também os processos já em andamento.
“O sistema será adaptado para que, a partir do dia 16 de setembro, todas as mudanças sejam válidas mesmo para quem já iniciou o processo. As mudanças são pensando no cidadão, na questão econômica. Para aquele que tiver bem preparado, será suficiente”, explicou a delegada Flávia Portes, chefe da Divisão de Habilitação do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG).
Prejuízo
Além da formação dos candidatos, os responsáveis pelas autoescolas demonstram preocupação com as novas medidas. De acordo com Alessandro Dias, presidente do SinproCFC-MG, o término da obrigatoriedade dos simuladores, por exemplo, representou mais um prejuízo para a categoria.
“Faltou informação, tivemos essa queda na procura. Além disso, o preço diminui para as autoescolas, mas as taxas do Estado continuaram exatamente as mesmas”, explicou.
Outra mudança que entra em vigor a partir de 16 de setembro atinge as motos de até 50 cilindradas, as famosas “cinquentinhas”. Existem 50.362 veículos no Estado, mas, de acordo com o Detran-MG, apenas 44 pessoas em Minas Gerais possuem habilitação específica para o veículo. A carteira do tipo A (moto) torna o condutor apto para a cinquentinha.
Entre as mudanças está a redução da carga horária das aulas práticas de 20 para cinco horas-aula. Além disso, em até um ano, o candidato vai ar apenas por uma prova, sem precisar de curso teórico ou prático.